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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Promiscuidade Relativa e Diferenças Culturais!

 
"Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
Sou minha mãe e minha filha,
Minha irmã, minha menina
Mas sou minha, só minha e não de quem quiser
Sou Deus, tua deusa, meu amor
"
(1º de julho - Legião Urbana)

 
E mais uma vez venho aqui para falar desse assunto que dá pano pra manga: promiscuidade. Na verdade, estou usando essa palavra pois não consigo pensar em uma melhor, mas não sei se é exatamente disso que eu vou falar aqui...
 
Pois bem, há cerca de 2 anos eu fiz uma postagem sobre doação de sangue, e de como fui discriminado por ser homossexual. Naquele dia eu senti na pele como nós, gays, sofremos ao sermos constantemente associados a essa questão. Puro preconceito,  e pior, mente fechada dessas pessoas.
 
Claro, se uma pessoa tem um número relativamente grande de perceiros sexuais ao longo de um ano, o risco de ela adiquirir uma DST é também maior, isso é matemática. Mas essa é uma maneira rasa de tratar o problema. Por exemplo, como eu já argumentei anteriormente, uma pessoa pode sim ter quantos parceiros ela quiser com uma boa segurança de que não vai adquirir uma DST, é só ela tomar as devidas precauções, como por exemplo, além do óbvio (camisinha e cia), ter o mínimo de critério na hora se escolher a "presa"... rsrsrs
 
Mas enfim, o fato de eu ter tido 5 parceiros sexuais ao longo de um mês não me torna uma "puta", "vagabunda", ou mesmo me desvaloriza. O corpo é meu, eu uso da mneira que me convém... Século XXI, gente, acorda... Se pensarmos por esse lado, podemos até ver um lado positivo em sermos constantemente associados à promiscuidade em relação ao heterossexuais: temos a mente mais aberto (isso não é uma regra, nem nos isenta de nada...)
 
Pois bem, desde de que vim para o Canadá, percebo que essa questão da liberdade sexual varia muito de cultura para cultura. Antes de começar a falar do assunto, eu não estou querendo dizer que os heterossexuais brasileiros são mais comportados sexualmente, ou que não existe heterossexual brasileiro que seja promíscuo. Muito pelo contrário. Só quero salientar o quanto a NOSSA sociedade é hipócrita quando o assunto é sexo e liberdade sexual.
 
Só mais uns fatos antes do início... Vamos partir do princípio de que toda mulher que dá para um homem na primeira noite é considerada Puta. Sim, muita gente pensa assim aqui no Brasil, puro machismo. Claro que cada mulher tem o direito de fazer o que quiser, inclusive de não dar. Mas taxar a outra mulher que deu como piraranha, vagabunda, ou outro termo pejorativo é meio ridículo, né?
 
 
 
Ontem eu estava conversando com a minha colega de intercambio sobre uma outra colega que não é brasileira, foi criada na França (não vou colocar os nomes aqui pra não dar problema... rs). Alguém comentou que essa nossa amiga estrangeira teve relações sexuais com um amigo nosso na primeira noite em que eles ficaram. Minha amiga brasileira ficou surpresa, ela no seu lugar jamais faria isso, pois no Brasil, isso é coisa de puta.
 
Mas não pense que eu ou mesmo a minha amiga brasileira pensamos que a nossa amiga francesa é uma puta por causa disso. Nós já tínhamos um conceito sobre ela, e definitivamente ela está muito longe de qualquer esteriótipo de puta. Ela simplesmente exerce a liberdade de usar o seu corpo da maneira que bem entende, e isso não faz dela uma puta. Ela teve vontade, ela fez, e pronto, problema é dela... E digo, ela não é a única que faz isso por aquí... As canadenses, as outras francesas, e muitas meninas de diversas nacionalidades fazem isso, e não são putas.
 
Se essas meninas vivessem no Brasil, com certeza já estariam com fama de Puta, mesmo sem ser de fato. Aliás, acho que o termo Puta, como estou usando aqui, nem cabe muito bem nessa situação. Perde o sentido.
 
Mas o que essa discução toda tem a ver com a discução do início sobre preconceito? Pensem comigo. Os gays sempre exerceram a questão da liberdade de usar o corpo, muito mais do que os hetero. Será que o fato de sermos constantemente associados a promiscuidade é simplesmente uma questão da nossa própria cultura? Será que nos outros países do mundo a base do preconceito (se é que ele existe em alguns países) ainda é essa associação entre homossexualidade e promiscuidade? Será que a inserção dos homossexuais em outras culturas é mais fácil? Ou será que em outros países eles são ainda mais hipócritas do que a gente, de modo que apenas os heteros tenham o direito de exercer a liberdade sobre o próprio corpo sem estarem associados â questão da promiscuidade? Essas são questões que eu pretendo responder daquí pra frente! :D
 
Um abraço a todos! Até o próximo...
 

9 comentários:

FOXX disse...

menino, tu tá no Canadá é? eu nem sabia. conta mais sobre ai!

Sergio disse...

Saudades dos seus post!!!
Acho digno um pouco de promiscuidade... Prefiro considerar como se permitir.

...
Enfim, não julgo.
Saudades Amigo!!!

Walmir Neto disse...

Cara, certos desejos são reconhecidos socialmente como legítimos e outros não. Quais? Isso varia de cultura pra cultura. A questão é mais ampla do que isso, tão amplo que vou traçar um paralelo com o veganismo: Se alguém começa um discursinho racista perto de mim (mesmo sendo branco), o meio vai legitimar o meu direito de ficar chocado, de me ofender. Mas pra um vegano, por exemplo, não existe diferença entre um racista e um especicista, exceto o objeto do seu desprezo. Se vc acha que uma vaca, ou bem um gato, que anda, tem medo, quer comer isso, não quer comer aquilo, aqui tá muito sol, vou pra outro lugar, aqui tá muito frio, vou pra outro lugar (assim como uma pessoa) não tem direito de ter a sua vida preservada (independente de vc QUERER comê-lo: proteína e saúde? Sexo tb,mas se vc não convencer ninguém a foder com vc, vc não vai estuprar ninguém), enfim, se vc acha que pode matar um bicho desses e comer, ninguém TEM O DIREITO de se sentir ofendido, como acontece com o racismo. Se alguém começa uma oração perto de vc, mesmo com o histórico de misoginia, homofobia, pedofilia, assassinato da religião cristã, o máximo que vc pode fazer é sair de perto, mas ninguém aceita vc falar nada. "Guarde o seu ateísmo pra vc, da maneira como não fazemos com a nossa religião." Dá pra falar de drogas da mesma maneira.

Em termos de "liberdade sexual", ela não existe. Ninguém pode fazer sexo "com quem der na telha" (e estamos falando de gênero e número). Agora, algumas pessoas têm a vontade reconhecida: o homem que quer pegar várias mulheres, por exemplo. Ele não quer nada com homens: não ter direito de foder com eles não o prejudica. Basicamente, a legitimidade do SEU desejo (de Júlio Vanelis) é negada e o desejo é patologizado. É uma simples questão de reconhecimento do outro.
Mas nós não reconhecemos o desejo deles de se intrometer na nossa vida. É uma questão política: temos de nos impor, se não, nada rola.

Ro Fers disse...

Preconceito sempre existirá, em todos os sentidos...
Promiscuidade é algo complexo, cada um vê e interpreta de um jeito.
Enquanto alguns curtam todos os momentos, outros se reprimem...
O importante é gozar a vida...

Abraços

M. disse...

Oi Julio....
Sabe,desde a minha juventude, questiono o direito que temos ou não de apontar o dedo para outras pessoas e as taxar de "piranha, puta(o), vagabunda(o)" e outros termos do genero, que automaticamente colocam as pessoas numa situação moralmente mais baixa que o resto da humanidade.
Quem somos nós para dizer o certo e o errado de cada um. Primeiro porque, cada um tem seu livre arbítrio, e segundo porque que existem variáveis e variáveis culturais que pesam na hora do julgamento moral que julgamos ter direito. Em algumas tribos é normal se oferecer a esposa como agrado a um visitante. Seria essa esposa uma vagabunda? Existem outras(africanas) que as mulheres tem direitos de encontros ocasionais com outros homens que agradam-lhe os sentidos... como julgá-las. É a cultura..é o modo de vida... é o costume.
Se no Canadá ou no Brasil ou na França uma mulher, ou um homem se julgam no direito de dormir com um parceiro desconhecido, ou semi desconhecido.... o que temos com isso?
Ao jogarmos pedras pra cima, ou no outro, podemos ser atingidos numa eventual virada do vento. É melhor ter cuidado.
Beijos querido e divirta-se, mas estude. Rssr

Raphael Martins disse...

Que disposição do Walmir e da Margot pra comentar ! Rs...

Esse assunto de novo ? Passo ! kkk

Latinha disse...

Infelizmente, nossa sociedade é muito hipócrita, as pessoas sabem que acontecem mas preferem deixar como se nada soubessem... no melhor estilo se você não falar a coisa não existe.

Essas questão são muito delicadas, eu confesso que mesmo comigo, que considero ser uma pessoa com a cabeça mais aberta, as vezes me pego pensando em círculos ou sem saber o que dizer.

Na prática eu acredito que o importante é você estar consciente do que faz... os outros, cada um que pense o que quiser...

Bacana a discussão... Abração!

Unknown disse...

Sou obrigado a copiar/colar o comentário do Latcheenha!

Sérgio disse...

É muito pertinente o teu texto. Eu também não compreendo que se faça essa discriminação no campo da doação de sangue. Não são os gays que são "promíscuo", são os homens. É assim culturalmente e não vale a pena negar isso.
Um rapaz de 20 anos, hetero, solteiro, é menos "promíscuo" que um rapaz gay da mesma idade?
responda-se à pergunta com rigor e seriedade, e depois disso veremos. Mas nos dias que correm as mulheres também já são muito liberais...
Abc